segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Alfinetando o casamento. Érick Freire

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Há uma preocupação que me consome e embarga a percepção de muitas pessoas, até porque de uns dias para cá foi criada uma falácia escabrosa acerca de um determinado tema que é doutrina básica para inúmeras instituições religiosas e segmentos sociais tradicionais. Quando falo tradicional não me refiro a arcaico, mas a fundamentalista, diferente do que muitos pensam o fundamentalismo não é a ideia de rejeição ou discriminação do outro em detrimento a doutrina e/ou a crença, mas a fundamentação racional de uma determinada ideologia, não falo do fundamentalismo religioso extremista e sim do fundamentalismo embasado na razão mínima seja ela convencional ou cientificista.
Alguns por aí espalham que o casamento é uma instituição criada pela igreja católica e muitos meios de comunicação de massa compraram esta ideia e a puseram como verdade absoluta, mas um estudo primário da história acabará com esta ideia descabida criada por grupos que insistem em legalizar o casamento homoafetivo. Quero deixar bem claro que cada um escolhe a vida que quer, mas distorcer e desfazer a ideia do casamento como foi criado é no mínimo afrontar a origem do casamento como ele deve ser.
A instituição do casamento foi feita antes da criação e formação de qualquer povo organizado socialmente. Digo isto porque alguns dizem por aí que a relação de casamento nos dias gregos de glória era união entre homens do mesmo sexo e as mulheres serviam simplesmente para procriação. Discordo completamente, o próprio Sócrates tinha uma relação conjugal de intimidade com sua esposa e em nenhum comentário histórico falasse de uma relação homossexual deste com outro homem como também dos homens de sua época. Vemos relatos destes tipos de práticas só entre os “poderosos” e mesmo assim muitos destes comentários são de períodos posteriores ressoando mais como fofoca do que propriamente como história.
A instituição do casamento se deu no Éden, e este é o registro mais antigo sobre uma relação de união que é confirmada pelo próprio Cristo em Marcos (10: 6-9): “Mas no princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’. ‘Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’. Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe".
Estranho não? Ora Jesus cita um texto que é tradicionalmente aceito como escrito por Moisés, ou seja, pelo menos 18 séculos antes da vinda de Jesus na terra, mesmo usando a data dada pela crítica literária que atribui a compiladores do século X ou IX a.C. ainda assim a noção do casamento como instituição entre homem e mulher é mais antiga do que se tem falado por aí, ou seja, a noção de casamento entre um homem e uma mulher é bem mais antiga que o casamento católico romano. E o padrão citado por Jesus é “Homem e mulher” ou “Adão e Eva”.
Vamos andar um pouco mais na história. Os relatos bíblicos por todos historiadores e críticos, sejam eles ateus ou teístas, são considerados pelo menos culturais e isso quer dizer que a ideia de casamento é expressa na cultura judaica ulteriormente a cultura grega e/ou romana.
Casamento como instituição nunca será, historicamente falando, uma criação de uma religião com cerca de dois mil anos ou menos. Se adentrarmos a cultura judaica veremos inclusive um padrão de casamento bem mais complexo que o casamento ocidental. Leia o artigo O jugo desigual que trata do casamento de 3 mil anos atrás que era praticado pelos judeus.
Outra questão que afirmam é que a igreja católica foi quem fez da noiva uma mulher, mas vamos ver um texto que o profeta Jeremias escreveu há mais de 2.500 anos atrás e um que João escreve na ilha de Patmos por volta de 90 d.C. do texto do livro depois chamado de Apocalipse “Será que uma jovem se esquece das suas joias, ou uma noiva, de seus enfeites nupciais? Contudo, o meu povo esqueceu-se de mim, por dias sem fim”. (Jeremias 2:32) “Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido”. (Apocalipse 21:02) o ataviamento da noiva é previsto na Bíblia antes da institucionalização feita pela igreja católica e este é a uma mulher (a noiva) que espera um homem (o marido).
Enfim, se formos discorrer sobre o casamento e sua origem sempre iremos cair em um único conceito de família nuclear composta por pai, mãe e filhos, o mesmo defendido por Freud. Para os pseudo-intelectuais que afirmam que o casamento é distorcido pelo catolicismo romano, perdoe-me, mas se for historiador precisa passar pela graduação de história outra vez, mas se ainda assim quiser insistir que isso respalda o casamento homo-afetivo erra redundantemente, pois se o casamento quando foi criado foi para homem e mulher se unirem porque agora querem mexer? Qual intuito? Por que reclamam do casamento católico e querem por via de força casar nesta mesma cultura? Por que afrontar? Para que casar-se de véu, grinalda e branco. Não é por acaso isto um padrão católico-romano? Façam-me o favor, deixem de balela e digam a verdade. O que vocês querem é tumultuar, nos chamam de preconceituosos e que no fim de tudo querem nos imitar distorcendo o padrão cristão para o casamento.

Érick Freire
Pedagogo e escritor

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